segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Entrevista com Pedro Otas

Pedro Otas / Divulgação


Pedro Otas tem um currículo exemplar, 18 vitórias sendo 16 por nocaute. Entre seus principais adversários aparecem o nocauteador Daniel Frank, o técnico Raphael Zumbano e o ágil Hector Alfredo Avila. Entretanto, seu maior desafio está na recuperação de sua mão direita da qual ele tem tratado há mais de um ano e o afastou dos ringues, e como consequência perdeu o título brasileiro e o latino OMB dos cruzadores.

O pugilista que tem um estilo rústico e bruto que lembra muito Rocky Marciano já enfrentou dramas maiores como a morte precoce do pai e de seu amigo Rogério Lobo, assassinado brutalmente em um assalto. Otas fala dos fatos recentes em sua vida pessoal e pugilística além de dizer o que espera de seu combate de retorno aos ringues no dia 2 de março no tradicional ginásio Baby Barione contra o duro Ruy da Glória ainda mais agora que volta sob o comando de Messias Gomes do Centro Olimpíco paulistano.


Desde 2008 você vem sofrendo problemas com sua mão direita. Explique o que aconteceu?

Bom, na verdade eu tenho tido problemas desde o amadorismo, disputava às vezes dois torneios simultaneamente, isso em razão da guerra entre a FPP e a CBB. Eu era jovem e detestava ficar fora de algum campeonato, outro detalhe foram as indevidas infiltrações que fui submetido quando atleta da seleção brasileira e quando profissionalizei já estava com as mãos bastante debilitadas.

Por quê levou tanto tempo o tratamento?

Passei por diversos médicos, mas todos me tratavam como se fosse uma simples luxação, tirava Raios-X, me mandavam ficar em repouso, fazer gelo e tomar anti-inflamatórios e era sempre a mesma coisa. Posteriormente conheci o Dr. José Carlos Garcia que diagnosticou ao certo o que eu de fato tinha nas mãos, então, a 1ª cirurgia foi feita, mas infelizmente tive problemas durante a recuperação e quando tudo para mim parecia perdido, conheci o instituto Vita Care e os Doutores Joao Nakamoto e Mateus Saito, fiz a 2a cirurgia e hoje sinto me totalmente confiante para retomar minha carreira. Agradeço muito a eles.

Sua última luta foi em 30 de novembro de 2008 na qual você adquiriu o cinturão brasileiro dos cruzadores versão Conselho Nacional de Boxe. Você ainda detém esse título?

Alem de perder o título brasileiro perdi também a coroa latina da Organização Mundial de Boxe e o posto de 12° do mundo pela entidade. Terei que começar do zero novamente (risos...).

Nesse período de inatividade como você ficou psicologicamente?

A princípio senti o mundo desabar sobre mim, estava de fato aceitando o fim e na solidão do meu quarto passei a me lembrar de toda minha trajetória, como se fosse um filme, me ajoelhei e pedi a Deus que me mostrasse uma saída e que se de fato fosse o fim, seria o fim. E ele me mostrou que não.

Sente que as pessoas se afastaram?

Quando se esta no auge e fácil encher o bolso de falsos amigos, meus verdadeiros amigos eu carrego no peito e é com eles que me importo.

Enquanto esteve fora acompanhou a categoria dos cruzadores no Brasil e no mundo? O quê notou?

Durante essa pausa me dediquei a evoluir em todos os aspectos, físico, mental e principalmente espiritual pois nada funciona se este conjunto é fraco. Passei a estudar o boxe de uma forma cientifica, mas me desliguei dos eventos no Brasil e no mundo.

Seu retorno está marcado para dia 2 de março contra Ruy da Glória. O que espera desse futuro adversário? Acompanha seu trabalho nos ringues?

O Ruy tem feito grandes combates na categoria de cruzadores, ele está motivado, em ótimo ritmo e isso sem dúvida é um importante ponto a seu favor. Minha equipe determinou que fosse com ele o retorno, então o que me resta é estar pronto, creio que será uma grande luta e agradará a todos que forem assistir.

Com uma passagem pelo boxe com tantos problemas ainda acredita em uma carreira internacional com vitórias?

Creio apenas no Deus que existe em mim, ele é minha fortaleza, nada temo e o tempo responderá a tudo e todos.

Muitos brasileiros servem de carne de abate em território estrangeiro. Você já foi abordado para entrar nesse time? Já cogitou essa possibilidade?

Luto para vencer, nasci pra vencer!