terça-feira, 6 de abril de 2010

Entrevista com Edson Foreman


Edson Foreman / Divulgação

O curitibano Edson César Antonio busca sucesso no boxe profissional desde a década passada, hoje aos 32 é tido como um dos melhores cruzadores do país, mesmo morando em um estado que não é um pólo da modalidade. Seu cartel no boxrec.com contém 37 vitórias, 6 derrotas, 1 empate e 29 nocautes, mas ele contesta afirmando que foi fraudado.

Como está entre os principais do país é um alvo para seus semelhantes como Pedro Otas e Lino Barros e neste entrevista ao Córner do Leão manda um recado aos dois, especialmente para o último. Também aproveitou para falar das criticas que recebe.

Seu grande sonho não é ser dono do mundo com um cinturão de couro e ouro, mas sim conquistar um lar para seu filho e si buscando isso com seus punhos ao invés de apelar para planos governamentais demagogos e assistencialistas. Em muito lembra o seu rap favorito “Negro Drama” dos Racionais MC's:

“O dinheiro tira um homem da miséria,
Mais não pode arrancar,
De dentro dele,
A favela,”



Você tem um físico bem distribuído como o de um fisiculturista. Conte sobre sua rotina de treinos:

Os treinamentos são com meu preparador fisico Fabrício Pacholok
são 3 dias na semana de musculação e 2 de corrida.

Musculação tem que andar lado a lado com qualquer esporte hoje em dia, pois quem não complementar o treino com essa atividade está morto!

O pugilismo tem sua força maior em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Qual é a situação do esporte no Paraná?

o boxe de fato tem a sua força concentrada em São Paulo, mesmo na Bahia e no Rio de Janeiro não está tão forte assim, viu?

Já no Paraná está melhorando, porém a passos bem curtos. Mas, graças a deus já mostra uma reação. Temos eventos, patrocínios, mas muito abaixo do que merecemos.

Como surgiu o apelido “Foreman”?

Meu apelido veio já na primeira academia onde treinava, fica na praça Oswaldo Cruz aqui em Curitiba.

No primeiro campeonato amador que disputei em São Paulo, a Forja de Campeões, um repórter veio me perguntar: “qual seu nome?”, eu disse “Edson”e ele retrucou “Só Edson? não tem um nome de guerra?”.

Pensei, pensei... E como na academia diziam que eu parecia com George Foreman respondi: “Edson Foreman!” e ficou até hoje.

Você se espelha nesse lendário pugilista?

Eu não me espelho apenas em Foreman como lutador.

Me espelho no (Mike) Tyson, Roy Jones Jr., Evander Holyfield, Muhammad Ali, Luan Krasniq com o qual eu tive a honra de treinar na Alemanha. Também treinei com o Alexander Dimetrenko e aprendi muito, o Ruslan Chagaev é outro que treinei. Enfim, um boxeador tem que se espelhar em vários pra aprender sempre.

Nunca pode parar de observar parar aprender, temos de ser humildes para a cada dia estar aprendendo mais.

Quem é seu maior ídolo no esporte?

Meu maior ídolo é Muhammad Ali

Qual foi sua maior decepção no boxe?

Minha maior decepção no boxe são as pessoas que não me conheçem, não sabe quem sou, não conhecem minha essência como lutador e como pessoa principalmente, e mesmo assim me criticam!

Qual foi sua maior conquista?

Minha maior conquista,dentro dos ringues não foi uma luta que ganhei.
pelo menos os juízes não em deram, né?

Foi na italia contra Vicenzo Cantattore que lutou em casa. Foram 10 rounds, acredito e e tenho convicção que ganhei, mas infelizmente lutar fora de casa é assim: se você não coloca seu oponente no chão já era.

Fora dos ringues minha maior conquista é meu filho que é tudo pra mim. Depois de seu nascimento pude ver na real o que é amor de verdade, e por causa dele continuo boxeando.


Logo em sua estreia em 1999 você enfrentou o experiente argentino Dario Walter Matteoni. Como você aceitou encará-lo? Sabia quem era? Teve acesso à vídeos de lutas dele?

Não lutei com Dario Mateoni e nem sei quem é gabriel!

Eu tive um empresário no passado e pelo fato de ter deixado de trabalhar com ele, este fez uma puta sacanagem comigo colocando lutas no meu cartel no boxrec. É complicado!

Tenho em meu cartel apenas 3 derrotas. Perdi por pontos para o Cantatore na Itália, e tambem por pontos para o russo Denis Boystov, em Hamburgo, na Alemanha, e por nocaute para o theco Lubos Suda em seu país.

Os cruzadores Pedro Otas e Lino Barros expressaram interesse em enfrentá-lo. Como você avalia estes dois profissionais? Existe a possibilidade dos fãs de boxe assistirem futuramente Foreman x Barros ou Foreman x Otas?

O boxe brasileiro vive uma desgraça em relação a lutas, eventos e patrocínios. É horrível, Gabriel. Eu pretendo sim lutar com os dois, mas agora não é o momento.

Vivo de aluguel, ainda não comprei minha casa própria e estou sendo totalmente sincero com você, cara. E o que esses dois vem oferecendo pra mim não chega nem a metade do que me oferecem pra lutar lá fora.

Soube através de algumas pessoas em São Paulo que o Lino Barros disse que não quero lutar com ele porque tenho medo. Pelo amor de Deus, ter medo de homem é pra acabar, né?

Cara, lutei na Europa, troquei socos com um monte de gente lá fora. Porque vou ter medo do Lino? Eu só quero simplesmente comprar minha casa e ter onde morar. Coisa que poucos pugilistas aqui no país tem, enquanto a maioria morre de fome.

Ele fala que eu já disse várias vezes que sou o melhor cruzador do Brasil. Gabriel... sinceramente ser o melhor aqui no Brasil não quer dizer ABSOLUTAMENTE NADA pra quem quer ter uma carreira lá fora.

Na época que lutei com o Cantatore, ele já tinha sido bi-campeão mundial e depois de lutar comigo voltou a ser campeão do mundo (OMB). Após o combate fiquei em Stuttugart na Alemanha fazendo um mês de sparrings com Alexander Petkovik que na época era o 1° do ranking do Conselho Mundial de Boxe.

Não tive medo de nenhum cara, porque vou ter medo do Lino?

Por isso te digo mais uma vez, Essas duas lutas vão acontecer, mas não é a hora ainda. E você pode ter certeza serão 'lutões', Gabriel.

Sei da trajetória do Lino e é um baita puglista, o respeito demais, mas tenho plenas condições também. E quanto ao Otas, isso também vai acontecer no seu devido momento.

Só fico triste com algumas pessoas que ficam falando merda sem ao menos me conhecer e saber do meu trabalho.