quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Hall da Fama Internacional do Boxe: Tszyu, Chávez, Tyson e... Stallone

Syvester Stallone como Rocky Balboa em Rocky (1976) / Divulgação

As indicações dos pugilistas Mike Tyson, Julio César Chávez, Kostya Tszyu, o treinador Ignacio “Nacho” Beristain e o árbitro Joe Cortez para o Hall da Fama do Boxe são vistas com naturalidade para a maioria da imprensa e fãs de boxe, mas um bombom surpresa veio na caixinha, o azarão Rocky Balboa ou Sylvester Stallone.

O filme Rocky (1976) faturou o Oscar de Melhor Filme, Diretor (G. Avidsen), Melhor Edição além de outras 7 indicações incluindo melhor ator para o novato Stallone. Depois se seguiu uma cine série na qual nenhum foi tão brilhante quanto o 1° e apenas o 6° se aproxima de fato da origem dramática da história. Os outros 4 tem seus momentos de drama, mas o foco está na ação e cenas plásticas.

“Fui um privilégio ter sido agraciado com a habilidade de escrever sobre a incrível coragem e compromisso dos milhares de “Rockys” da vida real, os quais assisti se apresentarem com honra no ringue”, declarou Stallone em um documento.

“Duas coisas que trouxeram o boxe de volta ao grande público foram a vitória da equipe olímpica (americana) em 1976 e quando Sylvester Stallone nos deu o campeão dos pesados, Rocky Balboa”, afirmou o membro do Hall da Fama Emanuel Steward. “Sinto calafrios com o tema musical de Rocky”.




Mike Tyson e Kenya / Divulgação

Stallone fez o público sentir calafrios e emoções, Tyson fez seus adversários sentirem dor. As 19 primeiras lutas do pugilista nova-iorquinos foram vencidas por nocaute sendo que 12 não passaram do 1° assalto.

“O Homem Mais Malvado do Planeta”, como Tyson gostava de ser chamado, é o campeão mais novo dos pesados conquistando o cinto com apenas 20 anos ao vencer o dono do cinturão do Conselho Mundial de Boxe, Trevor Berbick.

“Me sinto honrado. O boxe me deu muito na vida e é uma benção ser reconhecido ao lado de figuras históricas do pugilismo porque eles abriram o caminho para mim, assim como espero ter inspirado outros nesse grande esporte”, pontou Tyson.

Tyson unificou o título da Associação Mundial de Boxe após uma vitória em 12 rounds sobre James “Quebra Ossos” Smith em 1987 e agregou o título da Federação Internacional de Boxe ao bater Tony Tucker também em 12 rounds no mesmo ano.

Passou por um Larry Holmes longe de seu ápice, bateu Tony Tubbs, Frank Bruno e Carl Williams para derrubar em apenas 91 segundos, o ex-peso meio pesado e desafiante ao seu título, Michael Spinks em 1988 o que lhe rendeu reconhecimento mundial como campeão.

Com uma voz de menino na puberdade e um atitude oscilante entre timidez e arrogância, o pugilista que tinha como pai postiço Cus D'Amato sofreu o início de sua queda quando foi nocauteado pelo mediano James “Buster” Douglas em 1990.

Se recuperou batendo 4 adversários e tinha um encontro com Holyfield em 1991 que foi adiado por uma lesão nas costelas. Antes de enfrentar o homem que marcaria sua carreira e o qual deixaria uma marca no corpo, foi preso acusado de estupro (1992-1995) – contestado por muitos peritos na área judicial –.

O americano recuperou o título do CMB e AMB em 1996 com um nocaute sobre o britânico Bruno no 3° round e outro no 1° sobre Bruce Seldon, respectivamente. Porém, perdeu o cetro da AMB para Holyfield em 11 rounds e foi desclassificado na revanche de 1997 quando mordeu a orelha do oponente – uma marca na vida de ambos –.

“Se não fosse o boxe, eu seria um fora-da-lei. É minha natureza”, declarou Tyson no passado. D'Amato afirma que se não fosse pelo quadrilátero seu pupilo terminaria na cadeira elétrica. Figura amada e odiada as pessoas o assistiram para vê-lo destruindo ou ser destruído.

Mike Tyson lutou 6 vezes entre 1999 e 2001, vencendo todas por nocaute. Em 2002 perdeu por nocaute para o britânico Lennox Lewis e se aposentou em 2005 com o cartel de 50 vitórias, 6 derrotas, 2 empates e 44 nocautes.

Fora dos ringues teve diversos problemas, passou por divórcios, perdeu uma filha e foi dependente de cocaína. Tyson faturou US$ 300 milhões, já foi chamado de prisioneiro N° 922335 no Reformatório de Indiana, campeão dos pesados, lenda e agora pode ser chamado de “membro do Hall da Fama”.


Julio César Chávez / Divulgação

Outro indicado ilustre é o mexicano Julio César Chávez, campeão em três categorias distintas e notório nocauteador. São 88 nocautes em um cartel de 107 vitórias, 6 derrotas e 2 empates. Teve vitória sobre Edwin Rosario, Roger Mayweather Sr., Greg Haugen, Frankie Randall e “Macho” Camacho.

O ex-campeão dos super penas, peso leve e super leve teve o início de seu fim quando encarou Oscar de La Hoya, o “Golden Boy”, em 1998, estava com 36 anos e seu oponente com 25. No boxe seu legado é mantido pelo filho que carrega o mesmo nome e com o tempo está conseguindo sair da sombra do pai.

Outros selecionados são o ex-campeão super leve nascido na Rússia e naturalizado australiano Tszyu, o treinador mexicano Ignacio “Nacho” Beristain e o árbitro Joe Cortez.

A homenagem póstuma fica para os selecionados Memphis Pal Moore (peso galo), Jack Root (campeão meio-pesado) Dave Shade (médio na categoria da “era antiga”), John Gully (pesado britânico na categoria “pioneiros”), o promoter A.F Bettinson e o antigo apresentador da BBC Harry Carpenter.

Os indicados foram votados por membros da Associação Americana de Cronistas de Boxe e um selecionado de historiadores de boxe internacional.