domingo, 9 de janeiro de 2011

O Ministério da Saúde adverte: Boxeador não tem cuidados médicos

Antônio Marcos Lopes Almeida / (foto: arquivo pessoal)

Na infância Antônio Marcos Lopes Almeida, 27, veio para São Paulo como tantos migrantes nordestinos buscando oportunidades melhores, o sonho paulista que para ele estava nos ringues. Porém, ao invés da glória fantasiada encontrou orfanatos e as ruas cinzentas da metrópole.

O treinamento em pugilismo começou na Bahia com Reginaldo Holyfield e sua inspiração pra treinar veio do lendário pugilista e ativista político Muhammad Ali dos E.U.A. Em 2008, já em São Paulo venceu os Jogos Abertos do Interior com apoio da família Macedo de Rio Claro.

O sonho dos ringues é balanceado com uma rotina de segurança na empresa GP Guarda Patrimonial, entretanto, seu plano “A” pode estar arriscado. Como tantos brasileiros de origem humilde o boxeador não tem acesso à hospitais de primeira linha para tratar suas lesões.

O orçamento do Ministério da Saúde em 2011 é de R$ 77 bilhões, porém a saúde pública continua não atendendo as necessidades básicas quanto mais um exame de ressonância magnética para descobrir o que há no ombro de Almeida.

O jovem de humilde cativante e carismática não consegue pronunciar corretamente o nome do procedimento para identificar o estado da instabilidade pós traumática em seu ombro. Sua fala mostra que o trabalho dos governantes na Educação que tem orçamento para a pasta federal de R$ 525,3 bilhões precisa ser melhorado. O mesmo quadro se encontra nas secretarias do estado e município de São Paulo, onde mora Antônio Marcos.

O acesso à educação e saúde de qualidade deveria ser gratuito, porém Antônio Marcos mesmo com nome de imperador perde a força de seus golpes e não pode continuar sua saga para dominar os ringues.

Antônio Marcos sem assistência médica merecida ao invés de ser um novo Popó, ou pelo mesmo um exemplo para seus vizinhos dos benefícios da vida esportiva, pode acabar com como mais um caboclo baiano de pele queimada de sol e cabelos crespos negros com sotaque forte perdido na imensidão melancólica que veio atrás de um sonho e acordou no cimento sujo e duro da Avenida Paulista. Por seu mérito conta com o plano de saúde do trabalho, mas muitos de seus colegas tem apenas o amor de mãe.



Errata: Conforme informado por Breno Macedo a cidade pela qual Almeida lutou os Jogos Abertos é Rio Claro e não Rio Branco como havia sido publicado.