terça-feira, 16 de agosto de 2011

O General das Américas


George Arias / (Foto: Divulgação)


Entre os principais conquistadores bélicos da história é possível notar uma estratégia, a ascensão em países e territórios vizinhos. Napoleão, por exemplo, expandiu as zonas territoriais e de influência da França e apesar de perder algumas batalhas é tido como um dos principais líderes da humanidade.

Processo semelhante no boxe vem sendo realizado pelo campeão sul-americano dos pesados George Arias que no passado perdeu para pugilistas em ringues europeus, porém sempre com credibilidade e agora ressurge em sua carreira desafiando e superando argentinos desde 2010.

Suas vitórias sobre os platinos Emilio Zarate e Lisandro Diaz o conduziram para o desafio de 10 de setembro diante de Gonzalo “Patón” Basile, considerado número 2 do país dos lendários pesados Luis Angel Firpo e Oscar Bonavena.

O sociólogo Octavio Ianni em sua obra Teorias da Globalização (1996) deixa claro que os processos econômicos, políticos e midiáticos iniciados a partir da segunda metade do século XX tornam alguns aspectos da sociedade mais homogêneos, porém as regiões aos mesmo tempo buscam forma de manter suas culturas. 

No boxe argentino é visível que eles primeiro se enfrentam, depois lutam com colegas da região para então deixar o Luna Park e outros ringues do país e se aventurar diante de desafios de outros continentes. Os "descendentes" de Carlos Monzon respeitam os processos da globalização assim como Arias.

Hoje é ainda mais normal ver pugilistas africanos enfrentando membros de países da ex-União Soviética, americanos encarando australianos e mexicanos se degladiando com japoneses, porém, para se alcançar este patamar um método eficaz é bater a concorrência vizinha para então buscar chances mundialistas.

O que se vê em alguns pugilistas brasileiros são embates apenas com escadas – apesar de lutas com esse tipos serem até certo ponto necessárias – para então buscar um confronto por título do mundo. No entanto, o brasileiro chega com cartel semelhante ao do rival em números, porém defasado em qualidade.

Arias vem mantendo sua credibilidade ao bater seus colegas – não inimigos – sul-americanos, uma estratégia eficaz tanto para um pugilista de nível continental em fim de carreira quanto para um prospecto almejando seu trono no mundo.