quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Professor e as luvas


Profº Carlos Alberto (dir.), Douglas Ataíde (centro) e Profº Cido (esq.) / (Foto: Gabriel Leão)


Os pés negros calçados por sandálias de couro, a calça social e o colete de lã todos em tons de marrom ou vermelho compõem o quadro junto com os óculos de grau de um homem coxo que tem a dificuldade no andar mais que compensada pela inteligência. O professor aparece no ginásio para orientar os jovens lutadores.

Homem de esquerda, mas ao mesmo tempo um personagem singular que assume se interessar pelas atrações apresentadas no programa de Amaury Jr., nessas horas encontra algo diferente de sua realidade em salas de aula da rede pública de ensino de São Paulo.

Nos eventos de boxe do Brasil consegue com astúcia andar entre as diversas alas que frequentam este microuniverso. Visto por uns como arrogante por ser inteligente, nega com humildade e veemência o status de intelectual tanto que se incomodou quando a qualidade lhe foi atribuída em uma publicação.

Profº Carlos Alberto vê no boxe uma expressão do ser humano e muitos que eram homens de letras também eram assim entre eles os escritores americanos Ernest Hemingway e Robert E. Howard e os estadistas Jânio Quadros e Nelson Mandela. A nobre arte por ser tão bela e tão violenta ao mesmo tempo contendo tanta plasticidade atrai a classe dos intelectuais. 

No tablado do Clube Atlético Guarany ele é visto rodeando o ringue ou subindo no mesmo com os atletas com os quais tem afinidade e admiração. Tenta acompanhar o ritmo, mas a idade e as condições físicas impedem, mesmo assim tenta... tenta... tenta e volta em outra sessão. Porém, os conhecimentos que possuem poucos acompanham, em debates profundos encontra poucos duelistas.