segunda-feira, 9 de julho de 2012

Tempo de mudanças

Odisseu cega Polifemo

Artigo de Opinião

A Primavera Árabe depôs tiranos de seus tronos com mobilização popular. Iniciada em 2010, tem como uma de suas principais ferramentas as redes sociais, uma esfera no qual governantes não possuem tanto controle como nas mídias mais antigas.

A data de hoje marca a Independência Argentina quando sua nação impôs sua vontade de não se submeter mais ao jugo da coroa espanhola. No mesmo dia ocorreu a Revolução Constitucionalista de 1932 quando paulistas fizeram ouvir sua voz contra o governo de Getúlio Vargas naquilo que achavam errôneo.

Os tempos são outros, porém mudanças são necessárias inclusive nos esportes, dentre eles o boxe. Brasil, Argentina e outros países assistem mandos e desmandos na nobre arte. No Brasil alguns líderes parecem mais pequenos "coronéis" que tratam ginásios, academias e outros ambientes e como suas "fazendas" e seus "empregadinhos".

Para o filósofo britânico Thomas Hobbes (1588-1679) do século XVII, “o homem é o lobo do homem” e para as engrenagens de um Estado funcionar com fluidez e sem perturbações é requerido o domínio de um soberano, príncipe ou assembleia para manter a paz através do terror, pois na visão do pensador inglês os homens só obedecem as leis quando sentem medo. Esse “ser” foi batizado de Leviatã, uma terrível criatura da mitologia cristã que assombra os mares. Hobbes tem uma de suas influências no italiano Maquiavel, e a obra máxima do inglês é O Leviatã (1651).

Em alguns casos o Leviatã se torna necessário, porém quando a administração se torna falha outros processos são requeridos, como explica o próprio Maquiavel em O Príncipe (1532). Os governos atuais de Leviatãs se tornaram em filhos do ciclope Polifemo da Odisseia que teme a lança de Odisseu (Ulisses) perfurando seus olhos, e este herói na era moderna é incorporado pelo usuário de internet disposto a enfrentar o monstro.

Com o advento das redes sociais, a população ganha mais força no debate e nas manifestações, não é um fator por si somente determinante, afinal não é a espada em si que ganha o combate, mas sim a mão que a manuseia. Os boxeadores e os amantes da nobre arte compõem um grupo e encontram suas "armas" nos teclados e mouses.

As mudanças surgirão no momento que pugilistas passem a ter voz própria, perceberem que há coisas maiores do que o ringue e também deixarem de se ajoelhar diante de poderes fracos, decadentes e meramente simbólicos tornando-se donos de si e não esperando que um único alguém fale por eles, pois como sentencia o rapper Tupac Shakur (1971-1996): "eles cagam pra gente"  em They Don't Give a Fuck About Us canção lançada após seu falecimento.

A Destruição do Leviatã por Gustave Doré (1865)