segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Após o incêndio

Divulgação

O torneio Super Six da Showtime foi um dos principais eventos de entretenimento na indústria do boxe nos últimos tempos, a ideia de colocar de colocar seis dos melhores supermédios (76,2 kg) mundiais instigou o meio e somado a isto o evento contou com apoio financeiro em produções espetaculares.

A competição separada por chaves foi de 2009 à 2011, na primeira fase os 6 se enfrentariam para definir quem iria para as semifinais e posteriormente as finais. De início entraram os americanos Andre Ward, Jermain Taylor e Andre Dirrell, o dinamarquês Mikkel Kessler, o armênio Arthur Abraham e o britânico Carl Froch. Uma ausência sentida foi a do romeno Lucian Bute.

Durante esta jornada os seis passaram por revelações em suas carreiras. Andre Ward, campeão olímpico meio-pesado em Atenas 2004, venceu o torneio e unificou o trono do Conselho Mundial de Boxe (CMB) com o super cinturão da Associação Mundial de Boxe (AMB) além de ter sido apontado como o melhor lutador do ano passado pela Ring Magazine e pela Associação de Cronistas de Boxe da América. Sua última vitória se deu com larga vantagem sobre o compatriota "Bad" Chad Dawson.

O "Cobra" da Inglaterra, Carl Froch entrou com o cinturão do CMB, o perdeu para Kessler, recuperou o mesmo quando vago com vitória sobre Abraham, porém o perdeu na final para Ward. Este ano bateu o romeno Bute e lhe tirou a coroa da Federação Internacional de Boxe (FIB) tendo a defendido no último final de semana diante do americano Yusaf Mack. Agora quer Ward, Kessler, Bute ou o canadense Adonis Stevenson.

"King" Arthur Abraham deixou a categoria dos médios e foi para os supermédios em busca de novos desafios e glórias. Deu uma surra em Jermain Taylor o mandando para o hospital. No segundo embate acabou acertando  Dirrell no chão e foi desclassificado no 11º assalto. Nas semifinais peitou Ward, mas perdeu por pontos e não avançou no torneio. Este ano teve duas vitórias consecutivas que o levaram a disputar o cinturão da Organização  Mundial de Boxe (OMB) e tirou o mesmo das mãos do alemão Robert Stieglitz.

Para o ex-campeão Taylor foi um início de períodos difíceis. O nocaute sofrido para Abraham em outubro de 2009, o deixou sem memória do ocorrido no ringue só voltou ao tablado mais de dois anos depois contra um oponente de nível inferior. Fez mais duas lutas sendo que o último nocauteou no 2º assalto.

Logo na primeira luta, o "Guerreiro Viking" Kessler viu seu trono da AMB ir para Ward, a luta foi interrompida devido cortes no rosto do europeu, frutos de cabeçadas acidentais. O resultado foi para as papeletas. No segundo confronto se superou e afastou as dúvidas se continuaria em sua carreira batendo o britânico Carl Froch lhe impondo sua primeira derrota e obtendo seu cetro do CMB, em combate parelho. A lesão o fez deixar o torneio em 2010, mas após cirurgia voltou no ano seguinte e obteve duas vitórias, uma sobre o americano Allan Green.

Andre Dirrell foi colega de quarta de Ward nos Jogos Olímpicos de Atenas, onde obteve a medalha de bronze pelos médios. Assim como na Grécia não voou tão alto quanto o amigo. No primeiro combate perdeu por decisão dividida para Froch, depois foi vítima de golpe baixo de Abraham, vencendo o embate por desclassificação. Fez o armênio-alemão sofrer sua primeira queda quando o acertou no 4º assalto, porém escorregou no 11º e ficou inconsciente tremendo no solo após um golpe no queixo enquanto estava se levantando. Precisou sair do torneio após avaliações neurológicas e seu último combate foi em dezembro do ano passado quando bateu o compatriota Darryl Cunningham.

O americano Allan Green entrou para substituir Taylor e perdeu na sua entrada para Ward nos pontos. Depois foi nocauteado no 8º assalto pelo jamaicano Glen Johnson que entrara na posição de Kessler deixando a competição. Sua última atuação no ringue foi uma vitória sobre o canadense Renan St. Juste no início deste mês.

O veterano Glen Johnson da Jamaica entrou no lugar de Kessler. A vitória sobre Green o conduziu à semifinal do torneio onde foi superado por Carl Froch por decisão majoritária, quando dois jurados escolhem um e o terceiro aponta empate. Depois foi superado por Lucian Bute e pelo polonês Andrzej Fonfara, revezes que o conduziram à aposentadoria aos 43 anos. Ex-campeão dos meio-pesados e supermédios foi tido como melhor pugilista de 2004 pela Ring Magazine.

O futuro aponta para Ward como possível rei independente de peso. O médio argentino Sergio "Maravilla" Martínez faz uma verdadeira corrida contra o tempo aos 37 anos e sem a estrutura dos grandes países da nobre arte. O americano Floyd Mayweather Jr. e o filipino Manny Pacquiao não se enfrentam e seu ápice pode estar passando. Entretanto, Ward não possui o carisma dos três.

Froch cresceu com a vitória sobre Bute tirando do romeno a aura de imbatível, assumiu que tem pouco tempo de carreira após a conquista do final de semana e mira revanches e encontros com os principais nomes.

O armênio Abraham deixou no passado a atuação no SuperSix e pode reencontrar num futuro próximo os colegas para tira-teimas agora que possui mais experiência na categoria. Kessler ressurgiu e ainda quer provar que é jogo.

Dirrell, Taylor e Green foram os que mais tiveram suas carreiras afetadas pelas derrotas. O 1º por não se apresentar este ano deixa curiosidades sobre seu desempenho, já Taylor e Green não alcançaram mais o mesmo nível de antes.

Neste tabuleiro chegam jogadores novos como o haitiano-canadense Adonis Stevenson, o sul-africano Thomas Oosthuizen e o "Fantasma" Kelly Pavlik que voltou após batalhar contra o alcoolismo e suas derrotas passadas, o irlandês Brian Magee, o alemão Stieglitz, o camaronês e melhor participante do The Contender Sakio Bika e outros com fome querendo o tesouro maior com sua coroa, grandes eventos e nome eternizado no Hall da Fama.

O trunfo do Super Six foi colocar "o melhor contra o melhor", para definir quem é o macho-alfa da categoria. Algo em falta no boxe contemporâneo e que se mostrou capaz de incendiar os fãs. Poderia ser feito em mais categorias.